quarta-feira, 6 de agosto de 2008

BOLO DE ROLO


Fotografia retirada da internet do site: saboresdalica.blogspot.com

Na falta de amêndoa, portuguesas usaram goiaba e criaram o Bolo de Rolo.
O Bolo de Rolo, quem diria, tem uma história curiosa.
Apreciado por dez entre dez nordestinos, o seu antecedente não era tão doce e surgiu a partir da adaptação do "Colchão de Noiva" português.

"O Brasil não conhece o Brasil. Mas busca essa identidade, ainda em construção, na língua, no futebol e nas novelas de televisão.
Também em cantos, danças, jeitos de ser e de falar, crenças populares e culinárias.
Começo por lembrar que as damas portuguesas se instalaram, nessa terra a que primeiro chamaram Ilha de Vera Cruz, nas casas grandes dos engenhos de açúcar.
Com elas vieram, na bagagem, suas cozinhas como tinham em Portugal - chaminés francesas, fogões, fumeiros, pesados tachos de cobre, caldeirões, algüidares e potes.
Mas aqui acabaram fazendo adaptações muitas.
Primeiro tiveram que dividir espaço, na cozinha, com índias e com escravas africanas.
Depois aprenderam com essas índias que, no nosso calor tropical, melhor lugar para colocar a cozinha era fora da casa.
Debaixo de um "puxado". Passando então a usar "jirau" (mesa com varas de madeira que servia para cortar e limpar as carnes), "tempre" (tripé de pedra ou ferro onde se apoiavam os panelões no fogo) e utensílios que não conheciam na Europa - panela de barro, colher de pau, pilões, urupemas, cuias, e cabaças.
Tiveram também que esquecer ingredientes que estavam habituadas a usar - maçã, pêra, marmelo, amêndoas, pinhões, cravo, canela e gengibre.
Em troca provando novos gostos da terra - caju, goiaba, banana, abacaxi, castanha de caju, amendoim, milho, coco, mandioca.
Mas, sobretudo, começaram a modificar boa parte das receitas originais que faziam em sua terra distante. Substituindo ingredientes.
Assim nasceu no Nordeste o Bolo de Rolo, a partir de adaptação do "colchão de noiva" português - trocando, na receita, seu recheio de amêndoa por um de goiaba.
E passou-se a enrolar esse bolo em camadas cada vez mais finas. Como um rolo.
O nome vem daí.
A receita é a mesma, em todos os estados do Nordeste.
Mas o de Pernambuco é diferente de todos os outros, pela maneira de fazer.
Sobretudo pela delicadeza no jeito de enrolar as camadas.
Diferentemente do Raimundo dos versos de Drummond, que mesmo não sendo solução para nosso vasto e insensato mundo, no bolo de rolo, esse rolo do bolo é solução e rima."

Reportagem por Letícia Cavalcanti.

Esse bolo é simplesmente uma arte!
Tive a honra de aprender a fazer com minha professora de Confeitaria, Cleonice Ferraz, que por sinal prepara um dos Bolos de Rolo mais gostosos e bem feitos que eu já comi em Recife.
Esse bolo também tem uma história bem legal vinda dos nossos amigos Portugueses, através do bolo "Coxão de Noiva". O engraçado disso tudo é que quando viajo pra o Sudeste tenho que levar quilos desse bolo. Meus amigos adoram! É uma verdadeira disputa por cada fatia.
Em todo canto que o Bolo de Rolo é apresentado, as pessoas falam:
- É rocambole?
Eu respondo:
- Não. É bolo de Rolo!
Rocambole é apenas um rolo, uma volta.
E o bolo de rolo é feito com muitos Rolos, muitas voltas!
E isso gera uma discussão sempre! Mas o bolo de rolo é apreciado em todo Brasil.

Receita de Cleonice Ferraz, minha Professora de Confeitaria da UNIVERSO.

BOLO DE ROLO
Primeiro o recheio:
A goiabada de uma lata deve ser cortada em cubos, que vão para a batedeira com meio copo d'água.
Bata até a mistura ficar cremosa.
Depois, cozinhe até ferver.
Despeje um cálice de vinho do porto pra dar um gostinho especial.
Separe e deixe esfriar.

Ingredientes:
250 gramas de açúcar.
250 gramas de manteiga.
250 gramas de farinha de trigo.
5 ovos.

Modo de Preparo:
Bata bem a manteiga e o açúcar. Acrescente, um a um, os 5 ovos.
Por último a farinha de trigo.
Prepare a forma de alumínio, que deve ser untada com manteiga e um pouco de farinha de trigo. Espalhe a massa bem fininha, de preferência com um pincel.
A massa vai para o forno pré-aquecido.
Como é muito fina, assa rápido, 3 minutos no máximo.
Vire o bolo num pano de prato, coberto com açúcar.
Espalhe a goiabada derretida e comece a enrolar ainda quente.
O bolo deve ser servido frio.

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